quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Post de Despedida + O novo Blog

fim

Vida de blogueiro não é fácil. Quer dizer, pode ser que seja apenas a natureza humana de insatisfação eterna com o que se tem, mas quase nunca é possível falar de tudo o que se gosta com o mesmo espaço. Eu, inexperiente que era no mundo da blogosfera, tentei com um espaço intitulado “Lágrimas na Chuva”, que publicava pequenos textos, opiniões musicais e análises de quase tudo o que passava a minha frente. Eventualmente, a criatividade minguou e a vontade de falar de música tornou esse espaço no Gramophonica.

O primeiro post original do Gramophonica, que também herdou os artigos de música de seu predecessor, data do dia 13 de Maio desse ano, contendo a letra da canção Ironic, de Alanis Morrissette, uma das grandes marcas da música noventista e o maior sucesso da cantora canadense em sua carreira. Uma letra sobre tudo o que poderia dar errado nesse mundo, e sobre como as coisas poderiam ser irônicas na nossa confusa e complexa vida.

Foram-se quarto meses, o blog mudou de template e ganhou a adição de algumas colunas a mais em detrimento de outras, mas a porposta ainda era a mesma no último post, uma resenha do álbum Funhouse, da cantora P!nk. Falar de música como arte pessoal que é, com referências que nem todo mundo poderia identificar e um estilo mais detalhado do que a maioria dos blogs por aí.

Pois bem, valeu a pena. Falei muito de uma das coisas que mais amo nesse mundo, e vocês responderam com a mesma paixão. Como foi bom ler seus comentários. Fiz amigos por causa desse blog, criei contatos que não podem e não vão se perder apenas porque essa parte da minha vida de blogueiro está chegando ao fim. Esses são os últimos parágrafos que serão publicados no Gramophonica, e ainda assim me recuso a achar que estou me depedindo de alguma coisa. Porque a missão ainda continua.

O Anagrama é o nome do blog onde estarão a partir de hoje reunidos meus pensamentos sobre música, somados a outros assuntos que são do meu interesse e, eu espero sempre, do seu também. A nossa conversa não termina por aqui. Nos vemos, sempre.

Os melhores ritmos para todos vocês e até mais!

- “Isn’t it ironic? Don’t you think?”, Ironic – Alanis Morrissette

domingo, 9 de agosto de 2009

P!nk e sua Funhouse – Nunca julgue um álbum pela capa

Pink-Funhouse [Front]

Alecia Beth Moore não é o tipo de mulher que faz o que o resto do mundo espera dela. Vinda ao mundo por obra de uma enfermeira e de um veterano de guerra, a americana de uma cidade pequena da Pensilvânia cresceu e se tornou a representação perfeita de uma geração insatisfeita com a própria imagem e com os limites que a sociedade lhe impunha. Apaixonada por música e desligada de estilos e convenções, Alecia começou sua trajetória, ainda sob o nome de batismo, em uma típica girl band dos anos 1990, alavanca para uma carreira-solo que se provaria dona de introspecção, ousadia e profundidade surpreendentes a cada novo acorde. Do lendário filme de ação Cães de Aluguel ela roubou seu nome de palco, P!nk, e direto do rock adolescente veio o repfescante M!sundaztood, um raro sucesso de qualidade que a qualificou para alçar vôos mais altos em outros dois álbuns de ambição e acerto exponenciais. Primeiro, mostrou seu verdadeiro rosto de roqueira barra-pesada no divertido Try This, e em seguida fez questão de lembrar que sabia construir melodias complexas no arrebatador I’m Not Dead. E depois veio Funhouse. Se me permitem acelerar um pouco as coisas, o quinto álbum de estúdio da cantora é todo baseado num tipo de propaganda enganosa que é bem recorrente entre os artistas que gostam de surpreender seu público. Tudo, da capa debochada ao título, que lembra aos grandes circos ianques, leva a crer que Funhouse é mais uma pérola de diversão levada pelo swing eletrônico que aparentemente dominou as paradas roqueiras do mundo inteiro. Basta dizer que o título original pretendido pela cantora seria Hearthbreak is a Motherfucker, e boa sorte ao tentar traduzir isso, para definir bem melhor o que é o álbum. Tudo começa a ficar mais claro quando é sabido que as letras, bem ao estilo intimista e confessional da cantora, foram escritas em uma época turbulenta de separação amorosa. Ou talvez seja melhor a própria P!nk explicar sobre o que é sua obra por baixo de todo o verniz sarcástico: “É sobre quando a caixa em que você se prendeu não te suporta mais. Então ponha aquela p**** abaixo e comece uma nova!”.  É, soa bem como coisa daquela americana que aprendemos a ouvir.

De essencial mesmo para entender e saber o que esperar de Funhouse temos as cinco primeiras faixas, espécie de surpreendente introdução a um disco que consegue ser melancólico e ter o swing citado no parágrafo acima a um único tempo. Bom exemplo disso é o primeiro hit e faixa de abertura, So What (I got a brand new attitude/ And I’m gonna wear it tonight/ I wanna get in trouble/ I wanna start a fight), grito de reafirmação levado todo por um contagiante riff de guitarra e excepcionalmente criativo em um ritmo oscilante que não é exatamente o que se espera hoje em dia de um mega-hit, até hoje o maior da cantora em terras nativas. O verdadeiro poder de P!nk em criar música pessoal e envolvente surge mesmo, porém, em Sober (I’m safe, up high, nothing can touch me/ So why do I feel this party is over?/ No pain inside, you’re like protection/ But how do I feel this good sober?), dona de letra quase constragedora de tão intimista e marcada por sutis toques de orquestra em uma melodia carragada toda por um ritmo acertado de bateria, enquanto a cantora destila seu potencial vocal em um refrão de arrepiar e fazer cantar junto. No final das contas, P!nk não precisa ser universal para ser envolvente, e é essa qualidade tão incomum e saborosa que faz da diminuição de ritmo em faixas como I Don’t Believe You (No, I don’t believe you/ When you say don’t come around here anymore/So don’t pretend to not love me at all) não uma anti-climática freada de criatividade mas sim uma escolha perfeita para o lamento esperançoso e melancólico de uma letra que é capaz de traduzir as angústias e desejos de qualquer separação amorosa. Isso sem contar o show de vocal que a cantora consegue entregar quando se vê livre da parafernália roqueira. Se por um lado P!nk é uma pérola quando faz o gênero simplista, por outro há toda a maestria instrumental de uma música como One Foot Wrong (All the light are on, but I’m in the dark/ Who’s gonna find me? Who’s gonna find me?/ Just onde foot wrong/ You’ll have to love me when I’m gone), música cheia de sutis influências do country americano sem com isso sair do esquema melódico e ritmado que marca todas as músicas de Funhouse. Utilizando-se com sabedoria de sons artificiais com os quais tantas cantoras pop de persem, P!nk contrói uma faixa que leva o ouvinte tanto no ritmo quando na letra descritiva e intrigante que carrega certas interpretações subjetivas. Mais uma vez nas palavras da cantora: “É uma música sobre como é fácil perder o controle sobre vida que levamos e nossa forma de lidar com nossos problemas”. Se essa é a mensagem mais desligada do insólito tema principal do álbum, então cabe a Please Don’t Leave Me (Please don’t leave me/ I always say how i don’t need you/ But it’s always gonna come right back to this/ So, please don’t leave me), dona de ritmo crescente sem perder o ponto e talvez o resumo mais competente e suscinto de todo o sentimento que impregna o álbum, da melancolia a vontade de começar algo novo. Há algo sobre mudanças, toques de pura súplica no refrão simbólico e até uma quebra de ritmo que faz todo o sentido do mundo quando inserida no contexto. Em suma, é a criatividade natural da cantora em plena e sensacional forma. E é tudo o que é preciso para passar por cima da propaganda enganosa e se apaixonar por Funhouse.

As faixas complementares são puramente reforço de um conceito quase acidental que se estabeleceu e produz mais momentos memoráveis especialmente na faixa-título, Funhouse (This used to be a funhouse/ But now it’s full of evil clowns/ It’s time to start the countdown/ I’m gonna burn it down, down, down), virada definitiva na vida e no disco da cantora, marcação perfeita para um momento de pura libertação e aceitação de uma nova situação. Cheia do sentimento que P!nk definiu como o ponto principal de seu disco, a música é pura diversão com mensagem, levada por guitarra e baixo bem marcados e sonoridade que não precisa ser complexa para ser criativa. Suposta preferida da própria cantora, Crystal Ball (Fortune teller that says/ Maybe you’ll go to hell/ But I’m not scared at all/ Of the cracks in the crystal/ The cracks in the crystal ball) é instinto musical ao quadrado em sua levada acústica sem muita inovação que, ao lado do backing vocal estratégicamente colocado, deixam a voz e a mensagem de auto-afirmação de P!nk soar mais alto. Por fim, Mean (How did we get so mean?/ How did we just moved on?/ How do you feel in the morning when it comes around and everything’s undone?) traz de volta as influências country para uma canção que deixa marcas no que pode ser o refrão mais contagiante desde muito tempo e ainda carrega com leveza uma letra que poderia ser depressiva. Qualidade essa que só é mais acentuada na faixa de fechamento do álbum, Boring (If you want me/ You’re gonna have to catch me/ If you wanna touch my whoa-oa-oa), talvez a faixa mais pesada do álbum, que deixa no ar se realmente pretendia ser uma paródia de tudo o que faz sucesso no pop atual ou simplesmente se tornou isso sem querer de uma letra mais sobre quebrar regras do que segui-las. O fato é que, sendo clara ou deixando sua mensagem para a imaginação do ouvinte, P!nk é uma das poucas em atividade que consegue passar por cima de uma propaganda enganosa sem irritar críticos ou abaixar as vendas. Funhouse chegou ao segundo posto da parada da Billboard, e foi campeão por semanas seguidas entre os britânicos. Prova de que criativiade e personalidade ainda são bens bem valorizados no meio musical. Falando sobre quebrar corações ou não, a verdade é que a música de P!nk é conquistadora não apenas por ser competente, mas principalmente por ser sincera. Falando dos seus problemas e criando seu mundo, ela consegue dizer mais do que muita banda politizada por aí. Afinal, já estava mesmo na hora de colocarmos a p**** da nossa prisão particular abaixo.

Pink-Funhouse [Back]

OBS: Essa é a terceira vez que tenho que repostar esse texto, dessa vez retirei os links para download, que não aparecerão mais por aqui mesmo. Recebi ontem um e-mail do Blogger dizendo que a IFPI (International Federation of the Phonographic Industry) denunciou este conteúdo por violação de direitos autorais. Como isso pode causar problemas tanto para mim quanto para os leitores, achei melhor abolir de uma vez os links de download.

The download links are banned from this blog. If the problem is something else, please forgive me, I’ll get it right in a moment. Thank you”

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Tempo e Música – O Killers de “Sam’s Town” e o de “Day & Age”

Tempo. Matéria misteriosa, engrenagens eternas que se movem impiedosamente sem se importar com o que acontece em um mundo terreno que é fugaz e ainda mais misterioso para a limitada mente humana. Não podemos sequer entendê-lo, que dirá manipulá-lo ao que chamamos de nosso favor em um julgamento que nem sempre ou quase nunca é o correto. Se não pode vencê-lo, junte-se a ele. É o que todos nós fazemos a cada dia, vendo o tempo passar e se furtando, talvez sabiamente, de pensar o que poderia ter saído de melhor a cada segundo. E eles se transformam em minutos, horas, dias, meses, anos… uma vida. Quando surgiu em 2002 com a bomba atômica musical Hot Fuss, o The Killers não entrou para a lista oficial de 1001 bandas que você precisa ouvir antes de morrer por acaso. O quarteto de Las Vegas tinha balanço pop, criatividade nos ritmos pesados e uma composição competente de letras confessionais entoadas com pretensão mal disfarçada pela voz insuspeitamente poderosa do vocalista Brandon Flowers. Se de fato, como os críticos diziam, o The Killers pretendia se tornar o U2 do futuro e ganhar o almejado título de “maior banda do mundo”, Hot Fuss foi um primeiro passo acertadíssimo.

 

A primeira obra dam banda provocou tanto barulho, aliás, que apenas dois anos depois a pretensa “banda do século” retornou com Sam’s Town, uma espécie de ópera-rock levada por músicas que mantinham o balanço pop do primeiro álbum mas soavam de alguma forma uma evolução musical, quase como uma nova fase, disfarçada de mais do mesmo, de uma banda que só sabia crescer. Havia obras-primas, potenciais hinos do futuro, tudo levado por letras que de repente saíam da atmosfera puramente pessoal de auto-gozação do primeiro álbum para poder dizer algo não apenas sobre aquela voz marcante que entoava as palavras, mas sobre tudo que estava a sua volta. Especialmente depois das três faixas que davam início ao álbum, uma tentativa meio improvisada de mostrar que o Killers também sabe contar uma história complexa, tínhamos, quase em seguida, pelo menos um quarteto de músicas não menos que brilhantes, que representavam mais do que perfeitamente um álbgum cheio de potencial. Primeiro, For Reasons Unknown (With one deep breath, and one big step/ I move a little bit closer, I move a little bit closer, I move a little bit closer/ For reasons unknown), dona de uma letra narrativa que servia como uma luva para qualquer ser humano que já se viu diante de uma decisão difícuil e seguiu o instinto até perceber que, talvez, fosse melhor pensar um pouco melhor antes do tempo se esgotar. Isso sem contar que havia guitarras pesadas manipuladas com sabedoria e um ritmo que ia do calmo ao alucinante com a mesma desenvoltura. Depois, logo depois, tínhamos o hit Read My Mind (The good old days/ The honest man/ The restless heart/ A promised land/ A subtle kiss that no one sees/ A broken wrist/ The big trapeize), para muitos á música mais metafórica e deliciosa de se ouvir do século, uma obra-prima de sons artificiais misturados com a mais pura e prazeroza viagem musical dos últimos tempos, tudo embalado pro uma letra que talvez defina o ambiente urbano da forma mais sincera e poética desde muito tempo. Bones (Don’t you wanna come with me?/ Don’t you wanna feel my bones on your bones?/ It’s only natural) vinha então para trazer um pouco do clima vagabundo de Vegas em uma música cheia de seus modismos e da energia que podia fazer falta aos que se apegaram demais a sonoridade do primeiro álbum. Enfim, é uma inserção sábia de punch em um álbum que precisava desse respiro de espírito para continuar em seu som particular, talvez até único. Para fechar o quarteto vitorioso, My List (Let me wrap myself around you/ Let you show me how I see it/ And when you come back in from nowhere/ Do you ever think of me?) era muito provavelmente a balada-rock mais criativa e surpreendente do século, começando com uma levada em piano e chegando ao clímax em um refrão que não forçava a velocidade, mas tinha um novo e fascinante andamento com a letra cheia de questionamente como quase todas do Killers. Não que o álbum se resumisse a essas quatro músicas, mas elas talvez definam bem Sam’s Town, um álbum produzido pelo Killers mais maduro e mais melódico que podia, sim e sem dúvidas, conquistar o mundo. Premiado no BRIT Awards, porém, o álbum provocou divisão entre os críticos e ódio mortal nos fãs das banda que esperavam mais do mesmo e receberam uma evolução. Tudo acabou consipirando para uma venda abaixo do esperado. O destino pode ser cruel, mas o tempo continuou a passar.

 

Mais dois anos e alguns meses matutando uma forma de voltar ao início como os fãs queriam sem deixar de ser aquela banda cheia de idéias que se tornaram em Sam’s Town, em novembro último o Killers retornou a cena que quer dominar no futuro com um álbum inesperado, que foi lançado sem muito alarde para simular a discrição da primeira obra da banda. Day & Age é como o retorno daquele tipo de vilão megalomaníaco que pretende dominar o mundo e nunca vai se deixar derrotar, mesmo que as porradas venham de todos os lugares possíveis. O que se via era uma banda em busca de um equilíbrio difícil de alcançar, que tentava ser mais acessível para um público jovem mesmo sendo diferente de tudo o mais que tocava nas rádios mais populares por aí. As letras agora se dirigiam, mais do que a qualquer ser humano que queira viver a vida plenamente, a uma faixa mais perdida e com mais vontade de simplesmente abandonar tudo. Havia conselho, havia descrição pelo que era e havia hinos de descompromisso que rimavam mais do que perfeitamente com uma nova e antiga geração que não pode mais fugir do que é e encontra na música seu grito mais forte. O Killers transformara a si mesmo em um veículo como tantos outros, diferenciado pelo arsenal musical, pela sonoridade bem escolhida e pela pura sabedoria na hora de dosar dois lados quase distintos. E o quarteto nunca foi melhor. Abrimos com a excepcional Losing Touch (I ain’t in no hurry, you run and tell your friends/ I’m losing touch/ Fill their heads with rumors of impending doom/ It must be true), logo de cara uma explosão de guitarras indefiníveis e refrão capaz de entusiasmar sem forçar na aceleração ao carregar peado no ritmo frenético. É a pura demonstração de uma banda que sabe o que fazer com a própria criatividade, e a segunda faixa, a maravilhosa Human (My sign is vital/ My hand are cold/ And I’m on my knees/ Looking for the answers/ Are we human?/ Or are we dancers?) versa sobre tudo que há de mais lindo e mais angustiante em ser falho e ser humano de forma poética, carregada de metáfora inesquecíveis e sons artificiais usados com sabedoria impressionante por um produtor que parece estar mais inspirado pela criatividade explosiva da banda que tem nas mãos. Logo em seguida, Spaceman (The star man says it ain’t so bad/ The dream maker’s gonna make you mad/ The Spaceman says “Everybody look down!”/ It’s all in your mind), pura viagem musical com suas guitarras bem marcadas levando um refrão perfeito para qualquer um soltar a voz e entoando palavras que podem não fazer sentido em uma interpretação simples, mas tem todoum significado especial no momento e no calor de uma compreensão quase instintiva. Já que citar todas as faixas especiais de um álbum tão pulsante seria impossível e talvez até enfadonho, não custa nada dizer rapidamente que temos um balanço inesperado na poética sem ser chata Joyride (When your hopes and dreams lose the will to go/ Joyride/ Reaching for the light/ Knowing we can’t win), levada toda por dedilhadas quebradas e um vocal carregado de ecos que só dão mais força para uma letra bem construída. Por fim, também é impossível deixar de citar o “conto de fadas da terra empoeirada” que o Killers nos faz questão de contar em Dustland Fairytale (Out here the dreams all hide/ Out here the wind don’t blow/ Out here the good girls die/ And the sky moves slow), uma combinação mais do que perfeira de ritmo levado todo pelo piano bem marcado e o peso de uma guitarra dando punch a um refrão que não é verdadeiramente um refrão e ainda assim marca na memória mais do que tantos outros por aí.

 

Depois de outras seis inesquecíveis músicas, é impossível não notar o quanto o tempo, esse inexorável inimigo que parece parar para ouvir a criatividade de uma banda que está indiscutivelmente, independente de críticas ou de vendas, a se tornar a maior, e a melhor, do mundo. Se Brandon Flowers quer nos conquistar para nos tratar como apenas mais um em uma multidão arrebanhada por música nova, pulsante e cheia de personalidade, o que nos restra senão aplaudir? Que o tempo continue fazendo bem, e muito bem, aos humanos dançarinos do Killers e que eles continuem a nos fazer descobrir quem somos nós de verdade, ou pelo menos nos ajude a perguntar isso a nós mesmos. Para assassinos que tocam e cantam, até que eles tem ajudado muitas vidas e merecerem esse nome.

 

Link para Download - Sam's Town - Mininova.org

Link para Download - Day & Age - Mininova.org

 

terça-feira, 14 de julho de 2009

Álbum: 21st Century Breakdown – Green Day

Green Day-21st Century Breakdown [Front]

Há quem acredite que o cerne de todo punk que se preze é habitado apenas por drogas e violência das mais assustadoras, tudo ao ritmo frenético das guitarras pesadas que se tornaram a marca da música que tornou a “tribo” conhecida em todo o mundo por volta das décadas de 70 e 80. Não que algum deles esteja preocupado em provar que tudo isso aí em cima está errado, é claro, mas é bem verdade que poucos estilos musicais conseguem ser tão críticos, impactantes e influentes em matéria de política, economia e sociedade do que o punk-rock. Veja os californianos do Green Day, por exemplo, que surgiram para o mundo no meio da onda neo-punk dos anos 90 e foram rankeados ao lado de gente do naipe de Offspring como as bandas mais bem-sucedidas da década. O novo século e a era Bush, porém, chegaram para derrubar o som até então descompromissado do trio com um par de discos mal-sucedidos comercialmente. Quatro anos de silêncio depois, o Green Day ressurgiu com o surpreendente American Idiot, uma ópera-rock e um tapa na cara de quem ainda acreditava no bom senso da Casa Branca, um disco que muita gente ousou chamar de marco inicial do polêmico movimento emocore. O visual dark do vocalista e as baladas de levada tranqila alternadas com refrões carregados de fúria podem até ter sido uma forte influência para My Chemical Romance e Fall out Boy, entre outros, mas a verdade é que, em termos de música, todos eles tem muito o que aprender com os mestres, e não há prova mais sólida disso do que 21st Century Breakdown, um tiro certeiro nos hábitos nem um pouco saudáveis da sociedade consumista em que vivemos. Drogas? Violência? Talvez nas ruas, mas o que o Green Day quer mesmo é mostrar o quanto somos idiotas, americanos ou não, nas mãos de quem nos manipula.

 

Bem ao estilo ópera-rock do álbum anterior, 21st Century Breakdown abre com Song of The Century (They're playing the song of the century/ Of panic and promise and prosperity/ Tell me a story into that goodnight/ Sing us a song for me), uma introdução de menos de um minuto levada em ritmo de canção de ninar pela voz amansada e inconfundível de Billioe Joe Armstrong, apoiado apenas por espertos sons de estática que remetem diretamente a letra narrativa e concisa. Um início perfeito para um álbum que se revela cheio de suas sutilezas, tanto que é mais do que necessário ter em mente que 21st Century Breakdown é na verdade mais do que um disco. É uma narrativa completa, dividida em três partes, sobre um casal de jovens americanos tentando lidar com tudo o que há de mais lindo e mais opressor na sociedade consumista em que nos transformamos. Complexo demais para você? Então melhor parar na faixa-título, 21st Century Breakdown (21st century breakdown/ I once was lost but never was found/ I think I’m losing what’s left of my mind/ To the 20th century deadline), que marca a apresentação de Christian, a parte masculina do casal protagonista, um rebelde perdido em meio a incertezas e pressões externas que serve de espelho perfeito para quem viu o século novo nascer e o mundo mudar em meio a seu próprio momento de transformação. É também o começo da primeira parte, Heroes and Cons, e uma música cheia de suas flutuações de ritmo, levadas pela guitarra sempre firme e pela voz quase lamuriante de Armstrong, espcialmente no final estiloso, daqueles de causar arrepios. Em seguida, o hit Know the Enemy (Silence is the enemy/ Against your urgency/ So rally up the demons of your soul), que abandona o lado puramente pessoal para passar uma mensagem universal de auto-conhecimento e observação do mundo, tudo levada com energia contagiante. Quase um tipo de resposta a tamanha pegada é Viva la Gloria (Gloria, where are you Gloria?/ You found a home/ In all your scars and ammunition/ You made your bed in salad days/ Amongst the ruin), grande candidata a melhor do álbum, uma balada bela e surpreendente que atinge com força por mostrar um lado diferente do Christian que conhecemos na primeira faixa, e de uma hora para a outra a música do Green Day se torna tão envolvente quanto qualquer filme ou peça de teatro. É bem verdade que Before de Lobotomy (Life before de lobotomy/ Christian sang the eulogy/ Sign my love a lost memory/ From the end of the century) erra ao colocar uma letra bem montada em meio a um arranjo um tanto frenético e equivocado, mas isso não diminui o impacto de sua mensagem. É o começo do fim para o protagonista, e Christian’s Inferno (I got under the grip/ Beetween this modern hell/ I got the rejection letter and it was already ripped to shred) acelera o ritmo para mostrar um trágico e apocalíptico arranjo narrando um momento negro dessa nova sociedade. Isso sem contar que o refrão é no mínimo viciante. A última parte do primeiro tomo de um disco completo começa (literalmente) com ecos de sua antecessora, mas surpreende com uma levada lenta e acertada. Last Night on Earth (I walked for miles till I found you/ I’m here to honor you/ If I loose it all in the fire/ I’m sending all my love to you) soa como uma música de Elton John com o tempero de uma história acompanhada desde a primeira faixa. Em resumo, é o fim mais dramático e fascinante que uma ópra-rock jamais teve.

 

A segunda parte do disco, intitulada Charlatans and Saints, retoma um lado mais universal do Green Day desde a primeira faixa, a pesada e marcante East Jesus Nowhere (A fire burns today/ Of blasphemy and genocide/ The sirens of decay/ Will inflitrate the faith fanatics), um futuro hino de protesto que pode se tornar o maior grito de indignação de uma geração que encontra na música de bandas como essa sua voz mais pública. E se o Green Day compôs seu hino definitivo na faixa de abertura de sua segunda parte é porque a criatividade e o estilo dominam cada acorde da guitarra da banda e o poema de seu protesto o torna único, mais do que simbólico e sólido como uma rocha. Os acertos continuam num ritmo bem perto do alucinante em Peacemaker (Well, I’ve got a fever/ A non-believer/ I’m in a state of grace/ For I’m the ceasar/ I’m gonna sieze the day), espécie de hit levado por guitarras acústicas e ritmo perigosamente perto do country, tudo no clima de palanque do entretenimento (sempre no bom sentido) que impregna toda a segunda parte do álbum. Por sua vez, o posto de ritmo mais dançante do álbum, algo incomum para o punk do Green Day, vai para Last of the American Girls (She’s a runaways of the establishment incorporated/ She won’t cooperate/ She’s the last of the american girls), dona de uma letra desciritiva que diz muito mais do que boa parte dos hinos emocore por aí e de uma guitarra marcada com precisão o bastante para criar um ritmo cheio de punch sem precisar acelerar as coisas para além do necessário. Emendada nesse espírito, mas nem tão acertada, Murder City (Desperate/ But not hopeless/ I feel so useless/ In the Murder City) é curta, tem uma letra consisa e arranjo enérgico, mas não consegue o mesmo envolvimento na mensagem que suas companheiras de narrativa. Em compensação, a teatral Viva la Gloria (Little Girl) (Little girl, little girl/ Your dirty liar/ You’re just a junkie/ Preachin in the choir) pode até carregar repetição no título, mas é um primor de surpresa e fascinação, impregnada por um piano marcado a perfeição e guitarras pesadas que formam uma mistura deleitosa para os ouvidos, mesmo que a letra retrate decepção e raiva. É o retorno de um foco mais pessoa a uma história que começa a voltar a se desenvolver. Restless Heart Syndrome (Somebody take the pain away/ It’s like an ulcer bleeding in my brain/ Send me to the pharmacy/ So I can loose my memory) fecha a segunda parte da ópera sem tanta pompa quanto era de se esperar, passa perto de ser uma devolução para a sonoridade incompleta de American Idiot, mas isso não lhe tira o mérito de uma letra poética, hinótica e carregada de sentimento, mesmo que apenas uma parte dele atinja o ouvinte.

 

Por fim, a terceira e mais curta parte é Horseshoes and Handgrenades, final bem armado para um disco que rende muito envolvimento e pelo menos meia dúzia de músicas inesquecíveis pelo caminho. A primeira das quatro últimas músicas leva o mesmo título de sua etapa na história, e Horseshoes and Handgrenades (Maybe you’re the runner up/ But the first one to lose de race/ Almost only really counts in/ Horseshoes and hand grenades) acerta em cheio com a sonoridade mais pesada de todo o álbum e uma revolta aparente em cada acorde das guitarras raivosas e na voz surpreendentemente rouca de Armstrong. The Static Age (Music to my nervous system/ Advertising love and religion/ Murder on the airwaves/ Slogans of the brink of corruption) não é tão feliz em suas guitarras-padrão e refrão de ritmo quebrado, e ainda guarda a mensagem mais superficial de todo o álbum, quase deslocada em sua crítica a música moderna em meio a contextos tão universais. É um protesto pessoal para a banda que quebra o ritmo da trama principal, posta de volta a voga no hit 21 Guns (Does the pain weigh out the pride?/ And you look for a plce to hide?/ Did someone break your heart inside?/ Your in ruins), um hino anti-bélico que pode tanto ser interpretado em seu contexto apoteótico quanto na história pessoal de um relacionamento caindo em pedaços. É uma metáfora sofisticada, complicada e impactante, que marca uma das baladas-rock mais criativas e belas dos últimos tempos. Mais complexa é American Eulogy (Red alert is the color of panic/ Elevated to the point of static/ Beating into the hearts of the fanatics), uma música dividida em duas partes claras e acertadas que seguem em ritmo frenético e fascinante para resumir quase toda a mensagem de um álbum repleto dela. Isso sem contar que as guitarras são usadas com sabedoria e não há um refrão assobiável, mas quase enlouquecedor. Por fim, See the Light (I just wanna see the light/ And I don’t wanna loose my sight/ I just wanna see the light/ I need to know what’s worth fighting for) fecha o álbum com os mestres do ritmo mostrando toda o seu repertório em uma música carregada de tudo o que soou mais alto no restante do álbum. Há sentimento, há protesto, há significância e há música das melhores. Tudo o que aqueles no começo do primeiro parágrafo menos esperariam de uma banda punk. Junte-se a eles e descubra como o novo século vai cair em decadência. Afinal, não custa nada ouvir um som dos bons no fim do mundo.

Link para Download - Mininova

Green Day-21st Century Breakdown [Back]

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Álbum: The Fame – Lady Gaga

Lady GaGa-The Fame [Front] 

Como diria Shakespeare, “há algo de podre” no reino do pop quando a rainha das rainhas do estilo perde a admiração da crítica para se tornar uma talentosa vendedora de imagem. Sejamos honestos, Madonna não é mais a mesma, não importa quanto dinheiro sua última turnê tenha rendido. Hard Candy, o disco da tal última rodada de shows pelo mundo, ficou marcado como o topo do exagero eletrônico ao qual aos poucos a super-mega-popstar estava se aproximendo. Ainda em Hamlet, se a decadência de Madonna é como a morte do rei, então o surgimento tão repentino e poderoso de Lady Gaga é a cereja do bolo na vingança do príncipe-herdeiro. Sim, o pop estava precisando de uma renovação, de uma nova linguagem e, acima de tudo, de algo que se ajustasse aos padrões de venda dos novos tempos sem abrir mão da qualidade e da inovação. Ela, a ítalo-americana Stefani Joanne Angelina Germanotta, encurtou o nome, gravou um disco mega-produzido e pulou direto do anonimato para o mais completo e irrevogável sucesso que o novo século já viu em termos de música. Hoje, Gaga é uninanimidade entre crítico e pública. E para provar que Nelson Rodrigues podia estar mesmo errado quando disse que “toda a unanimidade é burra”, a prova mais substancial é The Fame, o disco de estréia da cantora, recheado de hits, batidas viciantes, pop teatral alguns níveis acima de puro entretenimento e letras que, vez ou outra, até mostram alguma inteligência. Ainda em Britney? Me perdoe, mas desligue a TV e vá escutar música de verdade.

 

The Fame abre logo com o primeiro e mais arrasador hit da cantora, Just Dance (I love this record baby, but I can’t se straight anymore/ Keep it cool, what’s the name of this club/ I can’t remember, but it’s allright), dona de uma letra que combina descompromisso, sensualidade, repetição e pura confusão para passar com perfeição sensações que, muitas vezes, o ouvinte nem mesmo já sentiu. Isso sem contar que se trata de uma das canções mais dançantes, divertidas e grudentas dos últimos anos. A segunda faixa, LoveGame (I wanna kiss you/ But if I do it I might miss you, babe/ It’s complicated and stupid), é preciosa por mostrar toda a teatralidade de Gaga em ação, e o resultado acaba sendo o mais visceral, excitante e marcante som de todo o álbum. Outra séria concorrente ao mesmo posto é Paparazzi (I’m your biggest fan, I’ll follow you until you love me/ Paparazzi), dona de um refrão viciante, ambientação perfeita e um arsenal de sons artificiais que deveria servir de lição para a Madonna do século XXI. Enquanto isso, Gaga brinca de pop inocente em Eh Eh (Nothing Else I Can Say) (I met somebody cute and funny/ Got each other and that’s money) e acaba se dando bem com um ritmo bem marcado de e a primeira demonstração mais poderosa de sua voz, que se destaca sobre um instrumental mais suave. O segundo hit do álbum a ser posto no mercado, Poker Face (Roussian Roulette is not the same without a gun/ And baby when it’s love if it’s not rough it isn’t fun), tem uma letra esperta cheia de metáforas escondidas bem a vista, mas exagera um pouco no ritmo baseado na batida repetitiva do techno house. Em compensação, a faixa-título, The Fame (Give me something I wanna be, retro glamour, Hollywood/ Yes we live for the fame/ Doing it for the fame/ ‘Cause we wanna live the life of the rich and famous), se equilibra no mesmo estilo com maestria, tem um refrão criativo e letra recehada de críticas sérias apresentadas em um ritmo viciante. A sensualidade volta a voga com Money Honey (When you touch me it’s so delicious/ That’s money honey/ Baby when you tear me to pieces/ That’s money honey), com passagens em que a voz de Gaga finalmente mostra toda a sua potência e põe todo o swing house posto para funcinar a perfeição. Again Again (When you’re around/ I lose myself inside your mouth/ You’ve got brown eyes/ Like no one else), por sua vez, surpreende pela pureza do ritmo, quase um blues, melacólico e visceral, e pela propriedade com que Gaga interpreta as emoções mais puras de todo o álbum. Se a fórmula começa a cansar nos mesmos erros de algumas outras faixas em Boys Boys Boys, ao menos o jazz assumidíssimo de Bown Eyes (In your brown eyes, walked away/ In you brown eyes, couldn’t stay/ In your brown wyes, watched her go) dá um folga do estilo eletrônico para mostrar que pop, rock e estilos mais “alternativos” podem viver juntos de forma harmoniosa e sensacional. Um momento acústico marcante o bastante para o estilo de sempre voltar em Summerboy (Don’t be sad when the Sun go down/ You’ll wake up and I’m not around/ I’ve got to go/ But we still have de summer afterall), uma faixa que lembra muito a Madonna de antigamente e a Kylie Minogue de sempre. Na mistura evidente, Gaga sai vitoriosa, alguns dólares mais rica e ainda traz um pouco de esperança nesse mundo tão escuro que é o pop moderno.

 

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Lady GaGa-The Fame [Back]

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Billboard Top 10 – As novidades da maior parada do mundo

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Não deve ser novidade para ninguém a importância da Billboard a esta altura do campeonato. Basicamente, se você quiser ouvir o que está tocando por todos os lugares no mundo inteiro, é bom dar uma passadinha lá e encontrar algo que lhe agrade. Missão nem tão fácil, é verdade, uma vez que o site se limita a mapear o que faz sucesso, não o que há de melhor, característica que tem rendido desde sempre críticas ferrenhas ao site, considerado mais um “puxa-saco de gente famosa” do que um site de música de verdade. Discussões a parte, a verdade é que a Billboard é também, para nós brasileiros, uma valiosa fonte de novidades que vem por aí. Afinal, por mais arrogante que isso possa parecer, dizer “eu conheci primeiro” é uma delícia. Então aproveite e se arrisque nessas duas listas aí, que vem junto com a humilde opinião deste fã de música. Divirta-se.

 

1ª posição: “Boom Boom Pow” – The Black Eyed Peas

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2ª posição: “You Know You Want Me (Calle Ocho)” – Pitbull

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3ª posição: “Knock You Down” – Keri Hilson feat. Kanye West & Ne-Yo

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4ª posição: “Birthday Sex” – Jeremih

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5ª posição: “Poker Face” – Lady Gaga

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6ª posição: “LoveGame” – Lady Gaga

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7ª posição: “Second Chance” – Shinedown

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8ª posição: “Halo” – Beyoncé

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9ª posição: “Fire Burning” – Sean Kingston

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10ª posição: “Blame It” – Jamie Foxx feat. T-Pain

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O hip-hop indiscutivelmente manda nas grandes paradas. Nada contra, é claro. Só que, como qualquer estilo musical, o rap tem seus pontos altos e baixos, e não há exemplo melhor desta contradição do ritmo do que metade da lista aí de cima. Na primeira posição, merecidamente, o hit global Boom Boom Pow traz de volta o Black Eyed Peas com uma batida inacreditável e uma letra bem fina em relação a seus concorrentes de parada. Não que os versos de Will.I.Am, Fergie e companhia sejam uma obra-prima, mas não é muito difícil competir com coisas como “Don’t need candles and cake/ Just need your body to make/ Birthday sex”, na canção homônima do rapper Jeremih. Ao menos ele entrega um ritmo embriagante, enquanto o cubano Pitbull nem isso tem a decência de fazer para nos presentear com You Know You Want Me, um horroroso pastiche de letras em inglês e espanhol e um ritmo caribenho bem mal-elaborado. Quem completa a representação do hip-hop na lista é o jovem Sean Kingston, com a grudenta, e pelo menos divertida Fire Burning, ao lado do experiente Jamie Foxx, que faz algo decente em Blame It, mas poderia muito bem seguir carreira definitiva no ramo do cinema.

 

Mudando um pouco de ramo, as cinco posições restantes são bem distribuídas entre o pop eletrônico, o R&B moderno e até uma pitada de rock adolescente ao estilo boy band. Não, os Backstreet Boys ainda não retornaram para puxar-nos os pés a noite, mas bem que o Shinedown, na lista com seu primeiro hit, nomeado Second Chance, poderia se passar pelo papel de nova encarnação dos “garotos do fundo da rua”. O som, é claro, vive daquele antigo paradoxo que persegue esse tipo indefinível de fazer música. Não é dos piores, de fato, até consegue grudar um pouco na memória, mas não passa de cultura descartável. Se você curte, vá fundo e cante junto a letra revoltada: “Tell my mother, tell my father/ I’ve done the best I can to make them realize/ This is my life, I hope they understand/ I’m not angry, I’m just saying/ Sometimes goodbye is a second chance”. Bem mais inteligente e interessante, porém, é a permanência tão longa de Beyoncé e seu já conhecido mega-hit Halo, que já virou até tema de novela por aqui e continua figurando entre os 10 mais no mundo inteiro. Sinal de que a escolha do público está se refinando, como também demonstra a terceira posição concedida as escolhas sempre espertas de Kanye West, que se juntou com Keri Hilson para construir uma balada intensa e que merece ser descoberta com Knocks You Down.

 

É claro, o grande destaque “da noite” vai indiscutivelmente para Lady Gaga, o mais novo fenômeno musical ianque, que alcança o feito histórico de dois singles dentro da lista ao mesmo tempo. Se for escolher entre Poker Face ou LoveGame para conhecer o som dela, porém, dê preferência ao segundo. O mais novo hit é Gaga de volta ao seu melhor. Teatral, sexy, fascinante e cheio de brilho próprio, sua performance vai além de uma letra mediana e se mostra a ascenção de uma estrela com carisma para dar e vender. Não custa nada dar uma chance a moça, que vem sendo discriminada entre os fãs de uma música “mais alternativa” por ter supostamente ter vendido seu talento as exigências da indústria. Certa ela, oras. Ganha dinheiro, faz sucesso, e ainda consegue levar boa música para o topo das paradas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Álbum: Don’t Forget – Demi Lovato

Rock adolescente não precisa ser ruim. Como todo gênero ou subgênero musical, o estilo tem seus bons e seus maus representantes. Talvez o melhor exemplo desses dois lados do rock jovem nos últimos anos seja a Disney Channel, canal de televisão por assinatura do estúdio do Mickey, que tem se tornado um grande celeiro para os novos sucessões do gênero desde que Hillary Duff saiu de Lizzie McGuire para uma sólida (porém cada vez mais duvidosa) carreira musical e cinematográfica. Quem indicou estar seguindo pelo mesmo caminho nos últimos tempos foi Miley Cyrus, mais conhecida como a protagonista da série Hannah Montana, dona de baladas-rock his  téricas e letras que chegam a ser repulsivas de tão óbvias. Que me perdoem os fãs da primeira, mas cá entre nós, os motivos para gostar de Demi Lovato são muito maiores. Surgida como a protagonista do sucesso Camp Rock e já com uma série regular engatada no canal, a texana de 17 anos lançou seu primeiro álbum, Don’t Forget, com a expectativa de mais uma besteira. Não é bem assim, por acaso. Demi é o exemplo mais recente e perfeito de que gente boa de verdade não precisa de gêneros para birlhar.

 

Não que a garota seja o novo prodígio, é claro, mas é impossível negar que seu som está acima da média para o que a Disney tem revelado nos últimos anos. Quem se arrisco a tirar a prova ouvindo as músicas do primeiro disco sabe do que eu estou falando, mas não custa nada um pouco de incentivo para esta que pode ser a salvação do rock adolescente. Don’t Forget abre com “La La Land” (Some may say I need to be affraid os losing everything/ Because where I have my start and where I made my name/ But everything’s the same, in the La La Land’s machine), um tapa na cara em quem estava pronto a criticá-la e, quem diria, uma balada balançada e marcante cheia de pequenos lances de ousadia de uma novata que poderia estrear sem polêmicas e ser criticada por isso. Logo em seguida, “Trainwreck” (And you said we wouldn’t make it/ But look how far we’ve come/ Fo so long my heart was breaking/ And now we’re standing strong) toma o posto de melhor do álbum com um refrão contagiante e uma batida bem mais complexa que a média do gênero, sem contar a letra capaz de esquentar os corações mais insensíveis. A batida segue no mesmo pique por uma série de faixas, destacando-se a agressiva e divertida “Party” (Put your hands in the air/ Stand up in your chair and shout/ You’re all dolled up with nowhere to go/ You wanna get out and put on a show). O ritmo se torna um pouco mais romântico e o medo da sacarose de sempre surgir pode até ser grande, mas não custa encarar a pouco inspirada faixa-título se a recompensa depois é “Gonna Get Caught” (Don’t say that you need me/ And don’t play this games with my mind/ You better got out of my head because you’re wasting you time), dona de um refrão acelerado e pegajoso do tipo que entra sem escalas para a lista de canções assobiáveis do momento. Dona de uma levada mais pop que rock, “Until You’re Mine” (Until you’re mine I have to find/ A way to fill this hole inside/ I can’t survive without you here by my side) fecha de forma adorável um álbum capaz de convencer até o crítico mais rígido do estilo que, no final das contas, o rock adolescente não é o maior mal que a música enfrenta na atualidade. Aliás, não custa nada se divertir um pouco.

 

- Link para download: http://www.dilandau.com/download_music/Don't%20Forget%20-%20Demi%20Lovato-1.html

 

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A diferença entre Lady Gaga e Hillary Duff

Classificar, rotular, criticar ou descrever música pode ser, na maioria das vezes, algo feito por gente que não sabe apreciar um bom entretenimento. Mas é inegável que se trata de requisito indispensável para uma boa comparação entre músicos de um mesmo estilo e ferramenta valiosa para se fazer uma boa seleção entre o que machuca seus ouvidos e o que faz bem a eles. Partindo desse princípio eliminador de certos preconceitos, não custa nada pssar algum tempo examinando um caso particular que define e divide bem a produção pop dos nossos tempos.

 

É bem verdade que o pop dos últimos anos não passa de um bom engodo para ouvidos desacostumados a música de verdade, um amontoado de letras irônicas que se usam da sensualidade das portadoras das vozes que as entoam para provocar o público jovem e fazê-los acreditar que aquilo é o que merece ser apreciado. A bem da verdade, não há nada de errado em lançar mão de certas “ferramentas de trabalho” para alcançar o sucesso, desde que esse êxito esteja apoiado em boa música. É justamente nesse ponto que nossos dois objetos de estudo se diferenciam radicalmente. Não custa conhecer um pouco das duas, então.

 

Até pouco tempo escondida na posição de compositora para músicos de fama como Fergie, Akon e New Kids on The Block, a nova-iorquina Stefani Joanne Angelina Germanotta é hoje bem mais conhecida por seu nome artístico, Lady Gaga. Teatral em suas apresentações ao vivo e elogiada por quase todos os críticos ao redor do mundo, ela se transformou no hit do momento ao lançar The Fame, seu primeiro álbum, cujos dois primeiros singles, “Just Dance” e “Poker Face”, se tornaram os maiores sucessos pop a atingir o mercado fora do esquema Britney/Beyoncé/Rihanna. Suas músicas, descritas como “pop teatral” e aclamadas como “um retorno a tradição dance dos anos 1980”, trouxeram brilho e sucesso de volta ao mesmo tempo para um estilo esquecido com o techno de batidas repetitivas estourando por aí.

 

Frente a frente com o prodígio, mais nova por pouco porém bem mais experiente no showbusiness, temos Hillary Duff. A atriz/cantora começou a carreira musical em 2003, dois anos depois de estrear no cinema sob o comando de Michel Gondry em A Natureza Humana. Seu primeiro álbum, Metamorphosis, veio para ser o suculento recheio de uma fase extraordinária pela qual a texana estava passando. As músicas de pastiche pop tinham algum brilho a mais do que Britney andava fazendo a época, um ritmo um pouco mais elaborado, uma levada mais animada, descompromissada. Que não se levava a sério. Em 2004, a fase se fechou com Hillary Duff, o álbum que colocou uma cereja no bolo em sua fase “queridinha da Disney”. O próximo passo, então? Dignity chegou as lojas deixando a inocência para trás e colocando no lugar… nada. Ou ao menos nada que se possa chamar de substancial. O que Hillary fez no novo álbum foi tentar emplacar nas boates com letras vulgares e momentos de puro constrangimento. Uma atitude que não combina com sua própria figura, que dirá com sua voz.

 

As duas, presumivelmente, fazem dance. Ou pop, se você preferir. Rotulação é uma besteira de qualquer forma. A diferença entre as duas deve estar clara a esta altura, mas não custa lembrar de vez em quando. Lady Gaga faz música de verdade, Hillary faz enganação. Uma tem estilo próprio, de verdade, a outra deixa o seu ser levado “pelo que está em voga”. Uma é provocante, a outra é vulgar. Uma sabe em que vespeiro está mexendo, a outra não faz a menor idéia. Uma te faz bem aos ouvidos, otra os machuca. Deixo-o com essas conclusões, minhas conclusões. Tire as suas. E depois de diga quem é melhor.

 

terça-feira, 26 de maio de 2009

Morte do Rock


Dentre os estilos musicais, o rock é um dos mais abrangentes, com inúmeros subgêneros e variações sonoras, pode agradar a audição de pessoas com os mais diversos gostos. Influenciou na ideologia de vida de multidões, o que demonstra que o seu poder vai além da música.

Tendo seu início nas décadas de 1950-1960 e sendo influenciado principalmente pelo blues, agregado a uma série de outros estilos musicais, o rock passou por diversas transformações ao longo dos anos, a começar do Rockabilly, representando por Elvis Presley Jerry Lee Lewis. Nas mesmas décadas, o rock britânico já tomou grande espaço (Beatles, The Who, Rolling Stones, Animals, The Beach Boys). A partir daí, surgiram os movimentos contraculturais (ou undergroud, como preferir), caracterizados pela psicodelia e pelo protesto, destacando-se os ícones do folk (Bob Dylan, Neil Young, The Mamas and The Papas), além de Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Doors, Jefferson Airplane, entre outros. No fim da década de 1960 o rock progressivo (Pink Floyd, Rush, Yes, Genesis) atingiu um grande sucesso comercial, devido à complexidade das canções.

Na década de 1970 o hard rock e o heavy metal (Led Zeppelin, AC/DC, Deep Purple, Black Sabbath) intensificaram o modo de tocar. Ainda nesta década, ocorreu o movimento punk (Ramones, The Clash, Sex Pistols), com o princípio do “faça você mesmo”, que se opunha ao resto da cena musical da época, já que era constituído de um princípio anticapitalista. A partir da década de 80 os subgêneros se expandiram, tendo como base os principais gêneros.

Atualmente, observa-se que toda a criatividade musical presente no início da história do rock, tornou-se algo exclusivo do passado, já que as denominadas “novas” bandas, não passam de uma cópia dos artistas que as influenciaram. Casualmente alguns artistas conseguem obter algum destaque, demonstrando que a morte da música não passa de uma cogitação, porém, a maioria dos fãs do bom e velho Rock ‘N’ Roll crêem que ele teve seu fim na década de 1990.

Observando por outro ângulo percebe-se que talvez a teoria de que o mundo acabaria no ano 2000 não foi totalmente infundada, já que a produção cultural da atualidade encontra-se em um hiato criativo ou até em plena morte. A dúvida que perdura, é se a humanidade conseguirá resgatar o espírito renovador do início do século. Alguns acreditam que a humanidade vive em ciclos, e que em breve, novos prodígios surgirão, desbancando os nomes renomados. Os que desprezam esta teoria, acreditam que jamais surgirão bandas como Led Zeppelin, Black Sabbath, Beatles, Queen, Pink Floyd, dentre tantos outros grandes nomes. Seja qual for sua opinião, vale a pena escutar os clássicos do rock, pois tudo o que é original, é melhor.

Letra da semana: The Saints Are Coming – U2 & Green Day

O encontro foi histórico. Duas bandas engajadas em causas políticas, que produziam música da maior qualidade, juntas em uma mesma tomada, em uma mesma voz, anunciando algo que nunca aconteceu. “Os santos estão vindo” pode não parecer nada demais a primeira vista, mas se trata de uma marca notável quando estamos falando de uma época em que o governo americano era justamente criticado por não ter enviado a ajuda necessária para a reconstrução e recuperação do estado de New Orleans após a passagem devastadora do furacão Katrina em 2006. E o fato é ainda mais impressionante quando estamos falando de uma letra escrita em 1978, três décadas antes dos trágicos eventos, pela banda The Skids. A música se tornou hit na época, lançando a banda para um curto estrelato, mas nada se comparou ao impacto e ao tom pessoal que as vozes conjugadas de Bono Vox e Billie Joe Armstrong deram a letra sobre tragédia, tempestades, inundações e abandono. Nada mais oportuno e nada mais alarmante do que ouvir um clamor tão desesperado na voz de dois dos maiores portadores das boas causas através da música.

 

Ao menos na ficção, “os santos” chegaram. No vídeo dirigido por Chris Milk, conhecido pelo trabalho com gente do calibre de Gnarls Barkley e Audioslave, as tropas americanas fictícias eram dispensadas do serviço no Iraque para prestar assistência as vítimas do Katrina em Nova Orleans. Ficção, é claro, e George Bush estava ocupado demais para sequer dar atenção a tamanho escândalo. A guerra continuou, Orleans precisou se reerguer por conta própria, comentários sobre preconceito e falta de um atendimento apropriado não passaram de ameaças e protestos. Mas as duas bandas, em alta na época por seus respectivos e repercutidos últimos álbuns (How to Dismantle an Atomic Bomb e American Idiot), trataram de deixar sua marca na história da música e seu recado para a Casa Branca. Em tempos de muitas promessas com Obama, não custa nada se lembrar um pouco.

 

U2 & Green Day – The Saints Are Coming

Composição: The Skids

 

There is a house in New Orleans

They call it The Rising Sun

It’s been the ruin for many a poor boy

And God, I know I’m one

Há uma casa em Nova Orleans

Eles a chamam de O Sol Nascente

Está sendo a ruína de muitos, um pobre menino

E Deus, eu sei que sou um

I cried to my daddy in the telephone

How long now?

Until the clouds unroll and you come home

The line went

But the shadows still remains since your descent

Your descent

Chorei para o meu pai no telefone

Faz quanto tempo?

Até as nuvens passarem e você voltar para casa

A linha se foi

Mas as sombras ainda ficam desde sua partida

Sua partida

I cried to my daddy in the telephone

How long now?

Until the clouds unroll and you come home

The line went

But the shadows still remains since your descent

Your descent

Chorei para o meu pai no telefone

Faz quanto tempo?

Até as nuvens passarem e você voltar para casa

A linha se foi

Mas as sombras ainda ficam desde sua partida

Sua partida

The saints are coming, the saints are coming

I say no matter how I try, I realize there’s no reply

The saints are coming, the saints are coming

I say no matter how I try, I realize there’s no reply

Os santos estão vindo, os santos estão vindo

Não importa como eu tente, percebo que não há resposta

Os santos estão vindo, os santos estão vindo

Não importa como eu tente, percebo que não há resposta

A drowning sorrow floods the deepest grief

How long now?

Until the weather change condemns belief

How long now?

When the night watchman lets in the thief

What’s wrong now?

Uma tristeza sufocante inunda a mais profunda angústia

Faz quanto tempo?

Até que o tempo mude e condene a crença

Faz quanto tempo?

Quando o vigia noturno deixa entrar o ladrão

O que há de errado agora?

The saints are coming, the saints are coming

I say no matter how I try, I realize there’s no reply

The saints are coming, the saints are coming

I say no matter how I try, I realize there’s no reply

I say no matter how I try, I realize there’s no reply

I say no matter how I try, I realize there’s no reply

Os santos estão vindo, os santos estão vindo

Não importa como eu tente, percebo que não há resposta

Os santos estão vindo, os santos estão vindo

Não importa como eu tente, percebo que não há resposta

Não importa como eu tente, percebo que não há resposta

Não importa como eu tente, percebo que não há resposta

Bom, gente, por hoje é só isso mesmo, mas tenho um recado. Nos últimos dias tenho andando bem ocupado, então sem muito tempo para postar por aqui, mas saibam que estou planejando tornar o Gramophonica mais atualizado em termos de música, provavelmente com a criação de um boletim semanal de notícias musicais, e sempre tentando conferir os novos álbuns lançados por aí, certo? Por enquanto, um dia cheio de música para vocês e até mais!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Álbum: Feels Like Home – Norah Jones

Norah Jones não é uma exatamente o maior exemplo de sucesso entre as cantoras jovens dos últimos anos. De fato, a nova-iorquina sempre agradou mais aos críticos e ao público mais velho, saudoso do tempo em que o jazz era o som mais popular e as danças eram bem mais lentas do que as de hoje. Em 2001, quando a garota de 23 anos lançou seu Come Away With Me, um par de hits chegou a tocar nas rádios e de uma hora para outra novas cantoras nem tão talentosas que pretendiam fazer jazz estouraram mundo afora. A bem da verdade, não há nada de excepcional ou diferenciado na música de Jones, mas há uma espécie de sentimento tão despretensioso e uma sonoridade tão casual em seus acordes que, de alguma forma, a cadência da música faz o ouvinte embarcar no ritmo e, quando menos se espera, aquele sentimento expresso em palavras tão ao acaso chega forte aos ouvidos e a emoção. O que Jones faz é música de alma para alma, e me desculpe quem prefere ouvir o pop perfeitinho das “Britney Spears” por aí, algo bem mais verdadeiro do que 90% do que se faz na música atual.

 

Feels Like Home, segundo álbum da cantora, lançado no já longíquo 2004, soa como uma evolução para o som sem grandes arrojos que soava de forma competente e etérea em Come Away With Me. A bem da verdade, é um álbum mais puro, que aposta mais na sonoridade crua e sem os toques artificiais que as vezes prejudicavam o andamento das canções no anterior. A voz de Jones, também, está mais amadurecida, mais firme, menos sussurrante e mais segura. Já em uma das primeiras faixas, “What Am I to You” (Don’t fill my heart with lies/ I will love you when you’re blue/ But tell me darling true/ What am I to you?), a rouquidão leve que soava no álbum de estréia é trocada por uma interpretação mais forte e segura de uma canção com toques mais balançados e, surpresa, uma guitarra de fundo excepcionalmente bem colocada. Não muito depois de algumas faixas no mesmo ritmo, “Carnival Town” (Round and round/ Carousel/ It got you under its spell/ Running so fast/ But going nowhere) diminui a marcha e se utiliza bem de um melancólico violino para se tornar a melhor de todo o álbum. É quando chegamos em “In the Morning” (Dark like the shade corner inside a violin/ Hot like to burn my lips/ I know I can’t win) e as influências de country aparecem de forma sutil no som de Jones. O resultado é uma deliciosa balada de ritmo embriagante. Em compensação “Be Here to Love Me” (But who cares what the night watchmen say/ Stage has been set for the play) se perde nas mesmas influências e encontra pouca força no exagero. “Toes” (The current is strong from what I've heard / It'll wisk you down the stream/ But there never seems to be much time) poderia ser uma boa música se não estivesse no meio termo entre entre as duas anteriores e não tivesse uma letra tão desconexa. Dois erros menores em comparação com a divertida “The Long Way to Home” (Money’s just something you throw off the back of a train/ Got a handful of lghtening/ A hat full of rain), outra séria candidata a melhor do álbum com seu ritmo bem marcado, e a linda “Don’t Miss You at All” (As I sit and watch the snow fallin’ down/ I don’t miss you at all), uma carta confessional e melancólica que definde de uma vez por todas o que Norah Jones representa para a música atual. Como diriam os nostálgicos: Norah é música de verdade.

- Link para download: http://www.torrentreactor.net/torrents/2986686/Norah-Jones-Feels-Like-Home-%282004%29-FLAC-4834836-TPB

domingo, 17 de maio de 2009

Pedra Letícia – Sobre música brasileira, humor e sucesso virtual

Muito se fala sobre música brasileira. Não só aqui, mas também lá fora, onde cantores fracassados pela “falta de um apelo popular” vão buscar abrigo e acabam se tornando sucesso mundial… menos no Brasil. É uma pena que, exceptuando-se esses casos, o que o mundo fala sobre música brasileira é, basicamente e objetivamente, passado. Não querendo desmerecer gente do nível de Chico Buarque, Vinícius de Moraes e quem quer mais que você seja capaz de mencionar, mas é fato que, no mundo rápido em que estamos vivendo e na moderna febre virtual, é preciso acima de tudo ser esperto, rápido e atento para fazer sucesso. E não estou falando apenas de cifras, vendas, clips passando na MTV e participação no Programa do Faustão. Pelo contrário, a questão aqui é muito mais sobre músicas tocadas ao vivo, covers de bandas iniciantes e alta taxa de downloads, legais ou não.

 

Um dos maiores fenômenos nessas matérias nos últimos tempo é uma banda de rock goiana com batidas simples, ritmo contagiantes e letras quase geniais de tão inocentemente engraçadas. E veja bem, o humor do Pedra Letícia não é a ironia fina da música pop americana ou o exagero das letras de rap. É algo no intermédio entre os dois, algo que não fica sofisticado demais a ponto de enojar nem baixo demais a ponto de causar repulsa nos de gosto mais refinados. Basicamente, é música para criar um sorriso irremediável no rosto do espectador. É carismático, conquistador, instigante e, acima de tudo, diferente. E talvez por isso tenha sido um tamanho sucesso entre o público mais jovem, que descobriu o trio goiano nos sites de relacionamento e páginas de vídeo e música espalhados pela Internet e logo os elevaram ao posto de banda preferida para animar as apresentações mais “acústicas” nas baladas por aí. Bandas de garagem os adotaram como fonte de repertório esperto e agradável. A banda cresceu nas mãos de seu público. Não por acaso, no último domingo o Pedra Letícia foi parar no Faustão. O que de forma nenhuma significa uma mudança de direção.

 

Um bônus? O Pedra Letícia detem hoje o posto de um dos melhores shows do Brasil, criando uma ligação literal com a platéia, instigando o público a participar ativamente do espetáculo e destilando seu humor particular por todos os cantos e levando suas letras cotidianas, quase improvisadas, para um palco maior, melhor, e não por isso menos renovador, original e genuinamente brasileiro. Não é música para fazer sucesso no exterior, uma vez que é justamente nas letras que reside o maior charme das músicas. Não é música americana, não é música pop, mas é a nossa música. Com muito orgulho. Afinal, há algum tempo que o Brasil anda precisando de uma banda para chamar de exclusivamente sua.

 

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Letra da semana: Ironic – Alanis Morrissette

A maioria deve ter conhecido de cara a seqüência de imagens aí em cima, mas para quem não acompanhava os hits do momento nos anos 1990 ou não se liga muito em videoclips, trata-se de fotos do  hit “Ironic”, da cantora canadense Alanis Morrissette. A música, que figura na playlist do segundo álbum da cantora, Jagged Little Pill (1995), é até hoje c onsiderada um dos símbolos maiores da música na década passada. Há os lingüistas que dizem que, técnicamente, pouco do descrito na letra da própria Alanis em parceria com o produtor Glen Ballard é de fato uma ironia, mas sobre isso a cantora já lançou sua pequena pérola de sempre. Segundo ela: “Para mim o momento mais doce veio em Nova York quando uma mulher veio até mim em uma loja de discos e disse: ‘Então todas aquelas coisas ditas em Ironic não são irônicas’. E então ela diz: ‘Bem, acho que essa é a ironia’. Eu só pude responder ‘é isso mesmo’. Para mim Ironic é o retrato da definição e versão de uma adolescente de 19 anos sobre como a vida funcionava na época.”

 

A verdade é que “Ironic” é um deleite para os ouvidos com seu ritmo sereno quebrado por partes furiosas, especialmente no refrão, que tem algo a dizer e uma história para contar. Seja tudo isso descrito aí embaixo tecnicamente irônico ou não, a verdade é que a Alanis fez a letra e a música que definiram uma geração. Se hoje ela é uma artista egocêntrica que canta mais para si mesma do que para os fãs, pelo menos uma década atrás o Canadá teve algo para se orgulhar além do country de Shania Twain. Só por isso e por fazer da ironia algo tão agridoce, Ironic já merece seu lugar por aqui, estrofe por estrofe, no original e no traduzido:

Ironic – Alanis Morrissette

An old man turned ninety-eight

He won the lottery and died the next day

It’s a black fly in your Chadornnay

It’s a death row pardon, two minutes too late

Isn’t it ironic… don’t you think?

Um velho homem fez 98 anos

Ganhou na loteria e morreu no dia seguinte

É uma mosca pousada em seu Chadornnay

É um perdão de vida ou morte, dois minutos tarde demais

E isso não é irônico… você não acha?

It’s like rain on your wedding day

It’s a free ride when you’ve already paid

It’s the good advice  that you just didn’t take

And who would’ve thought… it figures

É como chuva no dia de seu casamento

É uma passagem de graça quando você já pagou

É um bom conselho que você simplesmente não aceitou

E quem teria pensado… isso pode acontecer

Mr. Play It Safe was afraid to fly

He packed his suitcase and kissed his kids good-bye

He waited his whole damn life to take that flight

And as the plane crashed down he thought

“Well, isn’t this nice?”

And isn’t it ironic… don’t you think?

Sr. Precavido tinha medo de voar

Ele arrumou sua mala e deu um beijo de despedida em seus filhos

Ele havia esperado toda sua maldita vida para pegar aquele vôo

E enquanto o avião caía, ele pensou

“Bem, isso não é legal?”

E isso não é irônico… você não acha?

It’s like rain on your wedding day

It’s a free ride when you’ve already paid

It’s the good advice  that you just didn’t take

And who would’ve thought… it figures

É como chuva no dia de seu casamento

É uma passagem de graça quando você já pagou

É um bom conselho que você simplesmente não aceitou

E quem teria pensado… isso pode acontecer

Well life has a funny way of sneaking up on you

When you think everything’s okay and averything’s going right

And life has a funny way of helping you out when

You think everything’s gone wrong and everything blows up

In your face

Bem, a vida tem um jeito engraçado de aprontar com você

Quando você pensa que tudo está bem e tudo está indo certo

E a vida tem um jeito engraçado de te ajudar quando

Você pensa que tudo está indo mal e tudo explode

Na sua cara

A traffic jam when you’re alreadky late

A no-smoking sign on your cigarrette break

It’s like ten thousand spoons when all you need is a knife

It’s meeting the man of my dreams

And then meeting his beautiful wife

And isn’t it ironic… don’t you think?

A little too ironic… and yeah I really do think!

Um engarrafamento quando você já está atrasado

Uma placa de “proibido fumar” no seu intervalo para um cigarro

É como dez mil colheres quando tudo o que você precisa é uma faca

É conhecer o homem dos meus sonhos

E então conhecer sua linda mulher

E isso não é irônico… você não acha?

E isso não é irônico… e sim, eu realmente acho!

It’s like rain on your wedding day

It’s a free ride when you’ve already paid

It’s the good advice  that you just didn’t take

And who would’ve thought… it figures

É como chuva no dia de seu casamento

É uma passagem de graça quando você já pagou

É um bom conselho que você simplesmente não aceitou

E quem teria pensado… isso pode acontecer

Well life has a funny way of sneaking up on you

And life has a funny, funny way of helping you out

Helping you out

Bem, a vida tem um jeito engraçado de aprontar com você

E a vida tem um jeito engraçado de te ajudar

De te ajudar

untitled

Bom, pessoal, e por hoje é isso… a partir de hoje, quarta-feira é sempre dia de uma letra por aqui no Gramophonica. E assim vou continuar instituindo sessões para os dias da semana até encher a agenda, certo? Mas enfim, queria deixar aqui um recado para os leitores do Lágrimas na Chuva, que era o blog que era publicado por aqui antes desse. Bom, em primeira estância, todas as séries instituídas no Lágrimas estão extintas, mesmo porque acho que reflexões como as que eu fazia não cabem bem aqui. Por enquanto, o Gramophonica é puramente um blog de música, mas pretendo fazer um dia específico da semana para sair um pouco do assunto e falar do que está acontecendo fora desse mundo de acordes, certo? Por isso, inclusive, estou deletando alguns dos posts mais fora do assunto que Gramophonica herdou do Lágrimas e colocando no ponto aas que podem permanecer. Bom, pessoal, então era isso que eu tinha para falar. Os melhores ritmos para vocês sempre e até mais!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sobre AC/DC, shows e bandas que “voltaram”

 

Acho que não posso me dizer um fã de AC/DC, mas acho também que basta gostar de rock para saber reconhecer um show de verdade. Do pouco que vi dessa banda australiana em seus tempos áureos, lembro-me bem dos clipes exagerados característicos da época e da performance explosiva, cheia de estilo e que explodia um público em poucos segundos de performance em palco. Mesmo quando apareciam tocando nos vídeos, eles transmitiam uma energia que ia além da música para se tornar um espetáculo completo e delicioso de se assistir. Em suma, o AC/DC era a tradução mais perfeita do verdadeiro espírito rocker. As músicas podiam soar iguais sempre e nunca fugir de um certo padrão, mas a garantia de diversão era o que mais marcava na banda.

 

Oficialmente, o AC/DC nunca se separou, apesar de boa parte da mídia assinalar a recente popularidade da banda como um “retorno”. De 1973, quando o disco High Voltage explodiu na terra dos cangurus e levou a banda para o mundo inteiro com hits do naipe de “It’s a Long Way to The Top” e “T.N.T.”, até hoje, o som explosivo e puramente rocker da banda continuou a tocar intacto através de 35 anos de estrada. Mesmo enfrentando a morte do vocalista Bon Scott em 1980, o AC/DC seguiu em frente com o carismático Brian Johnson nos vocais e chegou ao auge da popularidade com Back in Black, um dos discos mais vendidos da história, lançado justamente em 1980. Daí para frente, a banda seguiu com gravações cada vez menos populares até 2000, quando Stiff Upper Lip decepcionou nas vendas e fez a banda se utilizar do famoso recurso “dar um tempo”. Foi só oito anos depois, com o furacão Black Ice, que o AC/DC voltou com tudo aos palcos e fez uma das turnês mais lucrativas do ano.

 

Depois dessa pequena pílula sobre a história da banda, vamos aos fatos: o AC/DC não é o mesmo em um palco. Sei que estou correndo contra a maré, mas minha testemunha é ocular. Ontem, sexta-feira, 09 de Maio, a MTV Brasil exibiu em seu programa “World Stage” a apresentação que o grupo fez em Madri para milhões de pessoas. No repertório, todos os clássicos da banda e as músicas já bem conhecidas do novo álbum. Resolvi dar uma chance ao show, mas a única sensação que pude manter depois de “Back in Black” soar no palco é que tudo é planejado demais nos dias de hoje. O show do AC/DC ainda é um espetáculo, mas é um de passos marcados e encaminhamento previsível. É quase como se, no palco, a banda fosse a promessa de uma bomba atômica que explode com a força de uma granada de mão. Da abertura com o maior hit, passando por “Highway to Hell” e “Hells Bells”, o show só pega fogo do jeito que promete em algumas passagens em que a participação do público é evidenciada, especialmente em “Dirty Needs Done Dirt Cheap”. Mas aí estamos falando do show dos fãs, não do show da banda.

 

E o problema de verdade não é nem mesmo o envelhecimento dos integrantes da banda, mas o comodismo que transparece em cada acorde que eles tocam. Brian Johnson agora precisa de recursos e brinquedinhos para levantar o público, e sua voz de alto alcance quase não merece mais essa denominação. Angus Young, o guitarrista lendário da banda, se limita a seus passos habituais e a tocar o que sabe de trás para frente. O restante da banda não faz mais que figuração e parecem estar entediados tocando. Phil Rudd, o baterista, chega a parecer alienado do mundo em alguns momentos. Deve fazer algum sentido simbólico para os fanáticos pela banda, mas certamente não é uma performance assim que vai garantir o lugar do AC/DC na música moderna.

 

É claro, seria injusto dizer que o AC/DC é um caso isolado de banda que perde a força para a parafernália pirotécnica dos shows modernos. De fato, os espetáculos que vemos hoje são muitas vezes mais guiados pela tecnologia do que pela música, e de certa forma grande parte dos artistas são incapazes de lidar com esse fator e ainda realizar um bom show. Para não falar que se trata de uma unanimidade, uma artista que sabe equilibrar bem as duas coisas é Madonna, que no show recente no Brasil fez questão de mostrar sua incrível presença de palco sem deixar de lado os recursos tecnológicos que marcaram sua forma de permanecer atual. A bem da verdade, mais do que simplesmente uma cantora, Madonna é o que os americanos chamam de entertainer, ou seja, uma artista completa capaz de prender a atenção de quem ouve e de quem vê.

 

Madonna, porém, é parte de uma minoria que ainda inclue gente do naipe de U2, Radiohead, Muse, Maroon 5 e James Blunt. A outra enorme parcela de bandas por aí sofre ao tentar se equilibrarentre puro carisma e elementos construídos para causar uma impressãof forte na platéia. O Coldplay é exemplo clássico de como uma música pode funcionar no álbum e não ao vivo. Cheio de sons sintéticos, o transporte para o show já não é dos melhores, e ainda não raro a banda se perde entre pausas longas demais, luzes ofuscantes e momentos de puro equívoco. Eventualmente, porém, gerenciados pelo produtor certo, a bandas inglesa é capaz de levar a platéia em uma experiência quase mística no palco. O mesmo com o Black Eyed Peas, que diminui a marcha de suas canções aceleradas e produz um show que não corresponde a expectativa sem os efeitos especiais dos videoclipes ou o ar de brincadeira dos álbuns.

 

Entre mortos e feridos, porém, as maiores vítimas do “mal do show moderno” são as bandas que, como gostam de dizer os críticos “ressuscitaram” anos depois de se separarem. Mais notavelmente, dois casos do ano passado tomaram caminhos diferentes e, sob última análise, chegaram ao mesmo beco sem saída. Primeiro, o The Police, trio de pop-rock inglês que fez um sucesso tremendo entre o fim dos anos 1970 e começo de 1980. Foram sete anos de atividade do disco de estréia Outlandos D’Amour (que tinha “Roxanne” na lista de músicas) até o histórico Synchonicity, que trazia o mega-hit “Every Breath You Take”, considerada até hoje a canção pop mais perfeita jamais composta. As brigas entre o vocalista Sting e o guitarrista Andy Summers foram responsáveis pela separação da banda, que retronou aos palcos vinte e cinco anos depois e arrecadou rios de dinheiro com uma turnê mundial que levantou os fãs da banda do chão. Objetivamente: o The Police ainda é um estouro pop no palco, mas um diferente daquele dos anos 1980. O charme descompromissado de Sting ficou para trás com os anos que passaram, a energia de Andy Summers se tornou em pura aristocracia britânica e o baterista Stewart Copeland faz uma imitação barata de Charlie Watts, dos Rolling Stones.

 

Caso para segunda análise: Guns N’ Roses. Sucesso absoluto na transição dos anos 1980 para os 1990, a banda comandada pelo explosivo Axl Rose foi desmenbrada pela própria ambição de seu líder, que tentou tomar conta da banda e acabou demembrando-a aos poucos com brigas internas. Quinze anos depois do último disco, The Spaghetti Incident? ter sido lançado, o Guns retornou com Chinese Democracy, provavelmente o disco mais esperado e adiado do nosso século. Talvez tenha sido expectativa demais, mas o disco é morno e o Guns não soa como a mesma banda. Literalmente dessa vez, uma vez que o único integrante que estava na formação original é o próprio Axl, que contratou outros músicos e se perdeu na falta de intimidade com eles e na pirotecnia exagerada de um show que não soa como um de rock. De certa forma, o novo Guns N Roses é a definição perfeita de tudo isso que envolve a música ao vivo no nosso século. É chato, radicalmente diferente e um labirinto de luzes que, no final das contas, deixa o que mais importa para trás. Música.

 

- Ao som de: Hollywood – Madonna

- Com os olhos em:A Troca”, de Clint Eastwood

Bom, pessoal, acho que esse foi o post mais longo que eu já fiz por aqui, mas o show que eu assisti realmente me deixou com vontade de escrever tudo isso. Vejo um futuro polêmico para esse post. Mas quem não gosta de polêmicas? Bom, por hoje é só. O melhor sempre para todos vocês e até mais!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Paixão musical da semana – Colbie Caillat

Não é preciso nada demais para fazer boa música. Basta um pouco de bom gosto, uma voz bem colocada e uma melodia simples e agradável. Claro, eu estaria sendo hipócrita se dissesse que é fácil para qualquer um por aí pegar um instrumento e sair compondo canções a torto e direito. Se fosse, não havia música ruim e certamente não haveriam gostos diferentes. De qualquer forma, o ponto é que as vezes a complexidade de arranjos, os recursos técnicos tão evidentes hoje em dia e a progressiva “digitalização” da música com blips e sons artificais enchendo os ouvidos na música pop, pode tornar a música algo mais divertido, mas certamente mais superficial. Afinal, o cinema e a vida já nos mostraram que o que há de mais emocionante e marcante não passa de um sentimento simples. Pode parecer piegas e pode parecer coisa de crítico fraco que se deixa derreter por uma voz aveludada, mas é impossível negar que pouca gente faz o estilo de música de Colbie Caillat.

A bem da verdade, não há nada que indique as músicas de Coco, álbum de estréia da americana, sejam excepcionais. Simplesmente porque elas não desejam ser, e ainda assim conquistam o ouvido e a mente como poucas nos últimos tempos. O que Colbie faz é música para gostar, não música para analisar. É divertido, é sincero, é simples e é irresistível. O disco abre com “Oxygen” (How am I suppose to tell you how I feel/ I need oxygen), uma canção de amor balançada que abre com o espírito de liberdade que impregna todas as outras faixas do disco. “Dreams Collide” (I close my eyes and try to hide/ But I wait, when this dreams collide) tem um riff fácil para assoviar e uma letra confessional que, como os sentimentos de verdade, vem como um turbilhão que muitas vezes não faz sentido. O hit “Bubbly” (Wherever it goes I always know/ That you make me smile, please stay for a while/ Just take your time, wherever you go) acerta em cheio no romantismo e é capaz de fazer aflorar um sorriso até no dia mais cansativo. Colbie tropeça um pouco em “Tailor Made” e “Feeling Show”, canções que poderiam soar bem na voz de gente como Avril Lavigne, mas não se adaptam em seu timbre mais grave. Um par de pequenos deslizes que não apaga o ritmo contagiante de “Midnight Bottle” (And everything is allright/ If only for tonight) ou a melodia encantadora de “Magic” (And all I see is your face/ All I need is your touch) uma lamentação apaixonada que conquista o ouvinte com poucos acordes. Por fim, o pico do disco é “Capri” (Adn things will be hard at times/ But I’ve learned to rry/ Just listening/ Patiently), em que uma Colbie flertando com o folk solta a voz e deixa sua impressão na memória. Uma canção que define bem o sentimento de pureza e liberdade depois de ouvir Coco de ponta ponta. Apaixone-se você também.

- Link para download: http://thepiratebay.org/torrent/3983374/Colbie_Caillat_-_Coco_(2007)

terça-feira, 28 de abril de 2009

Paixão musical da semana – The Kooks

É fato conhecido de todos com um mínimo de conhecimento musical nos últimos anos que a nova onda inglesa gera uma banda “salvadora do rock” por semana. Ainda curtindo Strokes? Você decididamente anda bem atrasado. Se a voz de Julian Casablancas já ficou para trás e o Arctic Monkeys continua em pausa para “se reiventar”, a bola (merecida) da vez é o de The Kooks. A bem da verdade, Konk é o segundo álbum da ensolarada banda, que ganhou o mundo alguns anos atrás com o single “Naïve”, do álbum de estréia, Inside In/Inside Out. Mas foi com o hit “Always Where I Need to Be” que os garotos de Brighton tomaram de assalto a cena musical e andam angariando fãs por aí com seus arranjos caóticos e letras confessionais. Até aí nenhuma novidade para quem ouve Coldplay ou Muse, mas o grande charme do The Kooks reside exatamente nessa nosso estránho hábito de julgar o que é igual como ruim. As possibilidades dentro de um gênero são tão grandes e tão inexploradas que fica impossível não gostar quando uma banda ousa fazer não mais do mesmo, mas o mesmo com um pouco mais.

O The Kooks é essa banda personificada, e não perde tempo para mostrar isso. “See the Sun” (I see the Sun rising/And all you see is fall) tem um refrão de cadência surpreendente e ainda consegue ser dançante e cheia de detalhes que soam todos encantadores. Esse detalhismo, aliás, é o que fica marcado de mais interessante na banda, não tanto no single já citado, talvez a música mais fraca do disco e ainda assim acima da média, mas especialmente na balançada e pegajosa “Gap” (And I miss you, and I need you, I do/ Don’t go, take my love, I won’t let you/ I’m saying please don’t go) e sua letra confessional e, porque não, emocionante. Talvez a melhor do álbum, “Love it All” (My heart was living down/ And I was beeing pushed over the line) junta todos esses elementos para formar uma canção das melhores que surgiram nos últimos anos, serena e animada a um tempo. Embora não seja exatamente o que se chama de obra-prima, “Mr. Maker” (But oh no, he’s allright/ Mr. Maker he’ll be fine/ It’s allright, it’s okay/ Because of the love he gave away) é a que mais marca pelo otimismo que acaba definindo de uma vez por todas o sentimento de bem-estar que passa escutar Konk de ponta a ponta. E nada melhor que um belo sorriso para salvar o rock de verdade.

- Link para download: http://www.torrentz.com/ec9d73669c4fdc4e87e18c4d26f5bd85ebe23c1e

 

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Paixão musical da semana – Jack Johnson

 

Lembro-me de uma vez ler em uma crítica de um filme musical que as músicas mais maravilhosas não são mais que três acordes e a verdade. Forma de dizer, é claro. É preciso muito mais talento para fazerem soarem alto os tais acordes do que todos nós vamos provavelmente ter um dia. Mas não deixa de ser verdade, e se existe uma prova viva e incontestável dessa autenticidade, seu nome é Jack Johnson. Havaiano, já passado dos trinta anos de idade e um gosto mais apurado para música do que deixou transparecer em seus “bonitinhos, mas repetitivos” três primeiros álbuns. A verdade é que, quando se concentra de verdade na missão, o cantor é capaz de tornar sua voz suave em algo que vale a pena escutar mesmo que seja apenas para entender o que está dizendo. E “Sleep Through the Static”, seu quarto trabalho de estúdio, mostra isso de ponta a ponta. Ou quase.

O disco começa habitual com a melodia agradável de “All at Once”, mas basta passar por cima da faixa-título e as mudanças começam a ser notadas na balançada e anormalmente eletrônica “Hope” (You don’t always have to hold your head higher than your heart), que discursa sobre solidão, esperança e tudo o mais que você possa imaginar em uma letra simples e, veja só, emocionante. Quer mais? “Sleep Through the Static” ainda guarda algumas surpresas. “Angel” (Here’s an angel/She doesn’t wear any wings/She wears a heart that can knock my own/She wears a smile that make me wanna sing) é a canção de amor curtinha e sóbria mais viciante dos últimos anos, e quando você acha que Johson começa a esbarrar no exagero (especialmente em “Enemy” e “Same Girl”), vem a certeira e cadenciada “What YouThoght You Need” (I can give you anything you want/But I couldn’t give you what you thought you need) para redimir pecados tão menores perto da maravilhosa “Losing Keys” (I’ve been losing lots of keys/Lately, I don’t know what that means/But maybe I’d better off with thing that can’t be locked out) um hino de descompromisso que demonstra perfeitamente que, afinal, não é preciso muito mais de um pouco de bom senso para emocionar. Vale a pena tentar.

- Link para dowload: http://www.baixadinha.com/jack-johnson-sleep-through-the-static-2008-download-mp3/

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