quinta-feira, 25 de junho de 2009

Álbum: The Fame – Lady Gaga

Lady GaGa-The Fame [Front] 

Como diria Shakespeare, “há algo de podre” no reino do pop quando a rainha das rainhas do estilo perde a admiração da crítica para se tornar uma talentosa vendedora de imagem. Sejamos honestos, Madonna não é mais a mesma, não importa quanto dinheiro sua última turnê tenha rendido. Hard Candy, o disco da tal última rodada de shows pelo mundo, ficou marcado como o topo do exagero eletrônico ao qual aos poucos a super-mega-popstar estava se aproximendo. Ainda em Hamlet, se a decadência de Madonna é como a morte do rei, então o surgimento tão repentino e poderoso de Lady Gaga é a cereja do bolo na vingança do príncipe-herdeiro. Sim, o pop estava precisando de uma renovação, de uma nova linguagem e, acima de tudo, de algo que se ajustasse aos padrões de venda dos novos tempos sem abrir mão da qualidade e da inovação. Ela, a ítalo-americana Stefani Joanne Angelina Germanotta, encurtou o nome, gravou um disco mega-produzido e pulou direto do anonimato para o mais completo e irrevogável sucesso que o novo século já viu em termos de música. Hoje, Gaga é uninanimidade entre crítico e pública. E para provar que Nelson Rodrigues podia estar mesmo errado quando disse que “toda a unanimidade é burra”, a prova mais substancial é The Fame, o disco de estréia da cantora, recheado de hits, batidas viciantes, pop teatral alguns níveis acima de puro entretenimento e letras que, vez ou outra, até mostram alguma inteligência. Ainda em Britney? Me perdoe, mas desligue a TV e vá escutar música de verdade.

 

The Fame abre logo com o primeiro e mais arrasador hit da cantora, Just Dance (I love this record baby, but I can’t se straight anymore/ Keep it cool, what’s the name of this club/ I can’t remember, but it’s allright), dona de uma letra que combina descompromisso, sensualidade, repetição e pura confusão para passar com perfeição sensações que, muitas vezes, o ouvinte nem mesmo já sentiu. Isso sem contar que se trata de uma das canções mais dançantes, divertidas e grudentas dos últimos anos. A segunda faixa, LoveGame (I wanna kiss you/ But if I do it I might miss you, babe/ It’s complicated and stupid), é preciosa por mostrar toda a teatralidade de Gaga em ação, e o resultado acaba sendo o mais visceral, excitante e marcante som de todo o álbum. Outra séria concorrente ao mesmo posto é Paparazzi (I’m your biggest fan, I’ll follow you until you love me/ Paparazzi), dona de um refrão viciante, ambientação perfeita e um arsenal de sons artificiais que deveria servir de lição para a Madonna do século XXI. Enquanto isso, Gaga brinca de pop inocente em Eh Eh (Nothing Else I Can Say) (I met somebody cute and funny/ Got each other and that’s money) e acaba se dando bem com um ritmo bem marcado de e a primeira demonstração mais poderosa de sua voz, que se destaca sobre um instrumental mais suave. O segundo hit do álbum a ser posto no mercado, Poker Face (Roussian Roulette is not the same without a gun/ And baby when it’s love if it’s not rough it isn’t fun), tem uma letra esperta cheia de metáforas escondidas bem a vista, mas exagera um pouco no ritmo baseado na batida repetitiva do techno house. Em compensação, a faixa-título, The Fame (Give me something I wanna be, retro glamour, Hollywood/ Yes we live for the fame/ Doing it for the fame/ ‘Cause we wanna live the life of the rich and famous), se equilibra no mesmo estilo com maestria, tem um refrão criativo e letra recehada de críticas sérias apresentadas em um ritmo viciante. A sensualidade volta a voga com Money Honey (When you touch me it’s so delicious/ That’s money honey/ Baby when you tear me to pieces/ That’s money honey), com passagens em que a voz de Gaga finalmente mostra toda a sua potência e põe todo o swing house posto para funcinar a perfeição. Again Again (When you’re around/ I lose myself inside your mouth/ You’ve got brown eyes/ Like no one else), por sua vez, surpreende pela pureza do ritmo, quase um blues, melacólico e visceral, e pela propriedade com que Gaga interpreta as emoções mais puras de todo o álbum. Se a fórmula começa a cansar nos mesmos erros de algumas outras faixas em Boys Boys Boys, ao menos o jazz assumidíssimo de Bown Eyes (In your brown eyes, walked away/ In you brown eyes, couldn’t stay/ In your brown wyes, watched her go) dá um folga do estilo eletrônico para mostrar que pop, rock e estilos mais “alternativos” podem viver juntos de forma harmoniosa e sensacional. Um momento acústico marcante o bastante para o estilo de sempre voltar em Summerboy (Don’t be sad when the Sun go down/ You’ll wake up and I’m not around/ I’ve got to go/ But we still have de summer afterall), uma faixa que lembra muito a Madonna de antigamente e a Kylie Minogue de sempre. Na mistura evidente, Gaga sai vitoriosa, alguns dólares mais rica e ainda traz um pouco de esperança nesse mundo tão escuro que é o pop moderno.

 

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Lady GaGa-The Fame [Back]

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Billboard Top 10 – As novidades da maior parada do mundo

bill... board

Não deve ser novidade para ninguém a importância da Billboard a esta altura do campeonato. Basicamente, se você quiser ouvir o que está tocando por todos os lugares no mundo inteiro, é bom dar uma passadinha lá e encontrar algo que lhe agrade. Missão nem tão fácil, é verdade, uma vez que o site se limita a mapear o que faz sucesso, não o que há de melhor, característica que tem rendido desde sempre críticas ferrenhas ao site, considerado mais um “puxa-saco de gente famosa” do que um site de música de verdade. Discussões a parte, a verdade é que a Billboard é também, para nós brasileiros, uma valiosa fonte de novidades que vem por aí. Afinal, por mais arrogante que isso possa parecer, dizer “eu conheci primeiro” é uma delícia. Então aproveite e se arrisque nessas duas listas aí, que vem junto com a humilde opinião deste fã de música. Divirta-se.

 

1ª posição: “Boom Boom Pow” – The Black Eyed Peas

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2ª posição: “You Know You Want Me (Calle Ocho)” – Pitbull

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3ª posição: “Knock You Down” – Keri Hilson feat. Kanye West & Ne-Yo

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4ª posição: “Birthday Sex” – Jeremih

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5ª posição: “Poker Face” – Lady Gaga

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6ª posição: “LoveGame” – Lady Gaga

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7ª posição: “Second Chance” – Shinedown

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8ª posição: “Halo” – Beyoncé

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9ª posição: “Fire Burning” – Sean Kingston

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10ª posição: “Blame It” – Jamie Foxx feat. T-Pain

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O hip-hop indiscutivelmente manda nas grandes paradas. Nada contra, é claro. Só que, como qualquer estilo musical, o rap tem seus pontos altos e baixos, e não há exemplo melhor desta contradição do ritmo do que metade da lista aí de cima. Na primeira posição, merecidamente, o hit global Boom Boom Pow traz de volta o Black Eyed Peas com uma batida inacreditável e uma letra bem fina em relação a seus concorrentes de parada. Não que os versos de Will.I.Am, Fergie e companhia sejam uma obra-prima, mas não é muito difícil competir com coisas como “Don’t need candles and cake/ Just need your body to make/ Birthday sex”, na canção homônima do rapper Jeremih. Ao menos ele entrega um ritmo embriagante, enquanto o cubano Pitbull nem isso tem a decência de fazer para nos presentear com You Know You Want Me, um horroroso pastiche de letras em inglês e espanhol e um ritmo caribenho bem mal-elaborado. Quem completa a representação do hip-hop na lista é o jovem Sean Kingston, com a grudenta, e pelo menos divertida Fire Burning, ao lado do experiente Jamie Foxx, que faz algo decente em Blame It, mas poderia muito bem seguir carreira definitiva no ramo do cinema.

 

Mudando um pouco de ramo, as cinco posições restantes são bem distribuídas entre o pop eletrônico, o R&B moderno e até uma pitada de rock adolescente ao estilo boy band. Não, os Backstreet Boys ainda não retornaram para puxar-nos os pés a noite, mas bem que o Shinedown, na lista com seu primeiro hit, nomeado Second Chance, poderia se passar pelo papel de nova encarnação dos “garotos do fundo da rua”. O som, é claro, vive daquele antigo paradoxo que persegue esse tipo indefinível de fazer música. Não é dos piores, de fato, até consegue grudar um pouco na memória, mas não passa de cultura descartável. Se você curte, vá fundo e cante junto a letra revoltada: “Tell my mother, tell my father/ I’ve done the best I can to make them realize/ This is my life, I hope they understand/ I’m not angry, I’m just saying/ Sometimes goodbye is a second chance”. Bem mais inteligente e interessante, porém, é a permanência tão longa de Beyoncé e seu já conhecido mega-hit Halo, que já virou até tema de novela por aqui e continua figurando entre os 10 mais no mundo inteiro. Sinal de que a escolha do público está se refinando, como também demonstra a terceira posição concedida as escolhas sempre espertas de Kanye West, que se juntou com Keri Hilson para construir uma balada intensa e que merece ser descoberta com Knocks You Down.

 

É claro, o grande destaque “da noite” vai indiscutivelmente para Lady Gaga, o mais novo fenômeno musical ianque, que alcança o feito histórico de dois singles dentro da lista ao mesmo tempo. Se for escolher entre Poker Face ou LoveGame para conhecer o som dela, porém, dê preferência ao segundo. O mais novo hit é Gaga de volta ao seu melhor. Teatral, sexy, fascinante e cheio de brilho próprio, sua performance vai além de uma letra mediana e se mostra a ascenção de uma estrela com carisma para dar e vender. Não custa nada dar uma chance a moça, que vem sendo discriminada entre os fãs de uma música “mais alternativa” por ter supostamente ter vendido seu talento as exigências da indústria. Certa ela, oras. Ganha dinheiro, faz sucesso, e ainda consegue levar boa música para o topo das paradas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Álbum: Don’t Forget – Demi Lovato

Rock adolescente não precisa ser ruim. Como todo gênero ou subgênero musical, o estilo tem seus bons e seus maus representantes. Talvez o melhor exemplo desses dois lados do rock jovem nos últimos anos seja a Disney Channel, canal de televisão por assinatura do estúdio do Mickey, que tem se tornado um grande celeiro para os novos sucessões do gênero desde que Hillary Duff saiu de Lizzie McGuire para uma sólida (porém cada vez mais duvidosa) carreira musical e cinematográfica. Quem indicou estar seguindo pelo mesmo caminho nos últimos tempos foi Miley Cyrus, mais conhecida como a protagonista da série Hannah Montana, dona de baladas-rock his  téricas e letras que chegam a ser repulsivas de tão óbvias. Que me perdoem os fãs da primeira, mas cá entre nós, os motivos para gostar de Demi Lovato são muito maiores. Surgida como a protagonista do sucesso Camp Rock e já com uma série regular engatada no canal, a texana de 17 anos lançou seu primeiro álbum, Don’t Forget, com a expectativa de mais uma besteira. Não é bem assim, por acaso. Demi é o exemplo mais recente e perfeito de que gente boa de verdade não precisa de gêneros para birlhar.

 

Não que a garota seja o novo prodígio, é claro, mas é impossível negar que seu som está acima da média para o que a Disney tem revelado nos últimos anos. Quem se arrisco a tirar a prova ouvindo as músicas do primeiro disco sabe do que eu estou falando, mas não custa nada um pouco de incentivo para esta que pode ser a salvação do rock adolescente. Don’t Forget abre com “La La Land” (Some may say I need to be affraid os losing everything/ Because where I have my start and where I made my name/ But everything’s the same, in the La La Land’s machine), um tapa na cara em quem estava pronto a criticá-la e, quem diria, uma balada balançada e marcante cheia de pequenos lances de ousadia de uma novata que poderia estrear sem polêmicas e ser criticada por isso. Logo em seguida, “Trainwreck” (And you said we wouldn’t make it/ But look how far we’ve come/ Fo so long my heart was breaking/ And now we’re standing strong) toma o posto de melhor do álbum com um refrão contagiante e uma batida bem mais complexa que a média do gênero, sem contar a letra capaz de esquentar os corações mais insensíveis. A batida segue no mesmo pique por uma série de faixas, destacando-se a agressiva e divertida “Party” (Put your hands in the air/ Stand up in your chair and shout/ You’re all dolled up with nowhere to go/ You wanna get out and put on a show). O ritmo se torna um pouco mais romântico e o medo da sacarose de sempre surgir pode até ser grande, mas não custa encarar a pouco inspirada faixa-título se a recompensa depois é “Gonna Get Caught” (Don’t say that you need me/ And don’t play this games with my mind/ You better got out of my head because you’re wasting you time), dona de um refrão acelerado e pegajoso do tipo que entra sem escalas para a lista de canções assobiáveis do momento. Dona de uma levada mais pop que rock, “Until You’re Mine” (Until you’re mine I have to find/ A way to fill this hole inside/ I can’t survive without you here by my side) fecha de forma adorável um álbum capaz de convencer até o crítico mais rígido do estilo que, no final das contas, o rock adolescente não é o maior mal que a música enfrenta na atualidade. Aliás, não custa nada se divertir um pouco.

 

- Link para download: http://www.dilandau.com/download_music/Don't%20Forget%20-%20Demi%20Lovato-1.html

 

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A diferença entre Lady Gaga e Hillary Duff

Classificar, rotular, criticar ou descrever música pode ser, na maioria das vezes, algo feito por gente que não sabe apreciar um bom entretenimento. Mas é inegável que se trata de requisito indispensável para uma boa comparação entre músicos de um mesmo estilo e ferramenta valiosa para se fazer uma boa seleção entre o que machuca seus ouvidos e o que faz bem a eles. Partindo desse princípio eliminador de certos preconceitos, não custa nada pssar algum tempo examinando um caso particular que define e divide bem a produção pop dos nossos tempos.

 

É bem verdade que o pop dos últimos anos não passa de um bom engodo para ouvidos desacostumados a música de verdade, um amontoado de letras irônicas que se usam da sensualidade das portadoras das vozes que as entoam para provocar o público jovem e fazê-los acreditar que aquilo é o que merece ser apreciado. A bem da verdade, não há nada de errado em lançar mão de certas “ferramentas de trabalho” para alcançar o sucesso, desde que esse êxito esteja apoiado em boa música. É justamente nesse ponto que nossos dois objetos de estudo se diferenciam radicalmente. Não custa conhecer um pouco das duas, então.

 

Até pouco tempo escondida na posição de compositora para músicos de fama como Fergie, Akon e New Kids on The Block, a nova-iorquina Stefani Joanne Angelina Germanotta é hoje bem mais conhecida por seu nome artístico, Lady Gaga. Teatral em suas apresentações ao vivo e elogiada por quase todos os críticos ao redor do mundo, ela se transformou no hit do momento ao lançar The Fame, seu primeiro álbum, cujos dois primeiros singles, “Just Dance” e “Poker Face”, se tornaram os maiores sucessos pop a atingir o mercado fora do esquema Britney/Beyoncé/Rihanna. Suas músicas, descritas como “pop teatral” e aclamadas como “um retorno a tradição dance dos anos 1980”, trouxeram brilho e sucesso de volta ao mesmo tempo para um estilo esquecido com o techno de batidas repetitivas estourando por aí.

 

Frente a frente com o prodígio, mais nova por pouco porém bem mais experiente no showbusiness, temos Hillary Duff. A atriz/cantora começou a carreira musical em 2003, dois anos depois de estrear no cinema sob o comando de Michel Gondry em A Natureza Humana. Seu primeiro álbum, Metamorphosis, veio para ser o suculento recheio de uma fase extraordinária pela qual a texana estava passando. As músicas de pastiche pop tinham algum brilho a mais do que Britney andava fazendo a época, um ritmo um pouco mais elaborado, uma levada mais animada, descompromissada. Que não se levava a sério. Em 2004, a fase se fechou com Hillary Duff, o álbum que colocou uma cereja no bolo em sua fase “queridinha da Disney”. O próximo passo, então? Dignity chegou as lojas deixando a inocência para trás e colocando no lugar… nada. Ou ao menos nada que se possa chamar de substancial. O que Hillary fez no novo álbum foi tentar emplacar nas boates com letras vulgares e momentos de puro constrangimento. Uma atitude que não combina com sua própria figura, que dirá com sua voz.

 

As duas, presumivelmente, fazem dance. Ou pop, se você preferir. Rotulação é uma besteira de qualquer forma. A diferença entre as duas deve estar clara a esta altura, mas não custa lembrar de vez em quando. Lady Gaga faz música de verdade, Hillary faz enganação. Uma tem estilo próprio, de verdade, a outra deixa o seu ser levado “pelo que está em voga”. Uma é provocante, a outra é vulgar. Uma sabe em que vespeiro está mexendo, a outra não faz a menor idéia. Uma te faz bem aos ouvidos, otra os machuca. Deixo-o com essas conclusões, minhas conclusões. Tire as suas. E depois de diga quem é melhor.

 

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